quinta-feira, 19 de junho de 2014

Garra charrúa

Historicamente, não é a simples habilidade que diferencia os uruguaios (twitter oficial da Associação Uruguaia de Futebol)

Não vi Obdúlio Varela. A mitologia do futebol conta que, após a vitória do Uruguai na final da Copa do Mundo de 1950, o capitão da Celeste foi às ruas do Rio e se espantou com a reação dos brasileiros. O sofrimento de uma nação inteira fez com que ele se sensibilizasse e chegasse até a dizer que, se soubesse da dimensão da dor do povo amigo, não levantaria a taça. 

Continuou companheiro de Zizinho, Ademir e dos outros derrotados por toda a vida. Entretanto, eu vi Luís. Luís enfermo, que dias atrás estava na cadeira de rodas. Suarez companheiro de time de Philipe Coutinho, melhor brasileiro da temporada europeia que poderia ser uma alternativa para o Brasil, caso Felipão o tivesse convocado para a Copa do Mundo.

Um homem capaz de reviver a garra charrúa, o espírito dos índios que ocupavam o território que hoje é da população Uruguaia. Diferentemente dos outros latino-americanos campeões mundiais, na mística celeste não é a habilidade -- ou o futebol arte -- que os faz diferentes dos demais. É o coração. Um exemplo: não há meias de relevância na equipe uruguaia que joga o campeonato do mundo no Brasil. 

Com o avanço da idade de Diego Forlán, a armação tática de 2010 não pôde ser revivida.Tampouco existe um virtuoso, hábil e faceiro como Neymar, camisa 10 da seleção da casa, ou como Messi, craque da vizinha Argentina. O que ocorreu na segunda rodada da primeira fase da Copa no Brasil em campo foi um exemplo de força, gana e vontade de vencer. Virtudes típicas do futebol uruguaio.

Embora a Inglaterra tenha feito um bom jogo, foi para Luís Suarez que os brasileiros escolheram torcer nesta tarde fria em grande parte do centro-sul do país-sede. Como em 1950, existe condescendência. Nos sensibilizamos com a superação do maior nome do Uruguai. Ao sair do estádio do Corinthians, em São Paulo, os torcedores e jogadores uruguaios foram recebidos com a irmandade de um rival em potencial. Assim também fez Obdúlio, na primeira Copa disputada em solo verde e amarelo. 

Por Helcio Herbert Neto.

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