domingo, 15 de dezembro de 2013

Pormenores

(Divulgação) Fluminense na Série A do ano que vem? É correto com a meritocracia?

Para ler ao som de: Beetlebum - Blur

Após os anos nauseabundos de teclados e topetes, o rock inglês renasce. Estamos na primeira metade da década de 1990, quando, longe da repressão policial, econômica e até ideológica de Margaret Thatcher, guitarras dissonantes e letras nem um pouco consonantes com o que acontecia naqueles tempos começam a chegar ao rádio. E para aquecer o mercado, gravadoras e a imprensa apostam em uma velha fórmula de publicidade, bem aproveitada no período da primeira invasão britânica aos Estados Unidos, no anos 1960.

A dicotomia. Como quando Stones e Beatles polarizavam a juventude, de uma hora para outra, o Reino Unido estava divido entre Oasis e Blur. O primeiro formado por representantes da classe operária de Manchester (tendo Noel Gallagher até trabalhando como pedreiro). O outro, um grupo de jovens de classe média que, em suas letras, aborda a liberdade repentina de uma geração que vivia o retorno de uma  toxicômana Swingin' London. 

Você sabe quem venceu essa disputa sem sentido. Provavelmente, você conheça muito mais músicas do Oasis do que do Blur. Principalmente após o disco "(What's the story) Morning Glory", dos irmãos de Manchester  e torcedores do City , os londrinos foram rebaixados ao status de coadjuvantes da banda que então era a sucessora do Nirvana no posto de símbolo maior do gênero. Apesar dessa gradação, ambos foram determinantes para a consolidação do Britpop, considerado por muitos o último grande movimento do rock 

Há dez anos, era inimaginável a presença de um holandês multicampeão europeu e do melhor jogador da última Copa no Campeonato Brasileiro. Com a estabilidade do torneio por pontos corridos e, principalmente, com a competitividade do nacional mais difícil do mundo, hoje Seedorf e Forlán atuam no Botafogo e no Internacional, respetivamente. Não somente pela magnanimidade dos 12 maiores times do Brasil.

É também em virtude desse nível semelhante dos presentes na Série A que a renda da TV dada os clubes é tão suntuosa. A dificuldade que os clubes pequenos representam para os grandes é fundamental para a formação de um bom Brasileirão. Por isso o caráter absurdo da tentativa de virada de mesa do Fluminense, que está em curso e será julgada amanhã. Encaradas como pormenores, as presenças de agremiações como a Portuguesa também fomentaram esse processo de fortalecimento do campeonato nos últimos anos.

Caso realmente tenha havido irregularidade, que seja aplicada uma multa fortíssima, sem consequências para os resultados conseguidos dentro do campo. Se o contrário for feito, estará sendo confirmada a premissa de que, com todo esse contexto burocrático, mais vale ter um bom advogado do que um bom time (o que o tricolor não teve durante o turno e o returno). Tirar a Lusa da primeira divisão será tão cruel como ignorar a relevância do Blur no renascimento do rock na Inglaterra, simplesmente por ele não ter sido o hegemônico.

Por Helcio Herbert Neto.                                                                        

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