domingo, 28 de agosto de 2011

Da Luta ao lucro: o Fenômeno do UFC




O Rio de Janeiro recebeu o espetáculo esportivo que mais cresce no mundo neste sábado. O UFC Rio trouxe toda a atmosfera gladiadora de uma luta que alia o glamour dos boxers à ação do jiu-jitsu. O esporte que arrebata fãs em todo o planeta mobilizou durante um longo período de tempo toda a opinião pública carioca. A sociedade civil e a imprensa repercutiram a intensidade do impacto desse novo fenômeno.

A maior virtude dessa prática esportiva é já surgir inserida na dinâmica econômica de seu contexto histórico. Diferentemente do Futebol, cheio de organizações burocráticas e relações feudais, o Ultimate Fighting Championship já nasce uma empresa. O lucro é o último objetivo. A credibilidade que essa corporação transmite a patrocinadores é muito maior do que as confederações de políticas mesquinhas podem oferecer. Uma cadeia que surge do topo, invertendo o processo usual que tem como ponto de partida a prática popular.

Por meio de engenharias que se utilizam de todo o conhecimento de marketing, essa organização comercial produz novos conceitos, estilos e ídolos. Anderson Silva, o brasileiro que destrói oponentes com uma facilidade estarrecedora, já se tornou ídolo nacional. O empreendedorismo dos gerenciadores do espetáculo gera uma facilidade gigantesca em atribuir valor à símbolos, exalando um aroma ao mesmo tempo moderno e rústico, ordeiro e brutal nas arenas que recebem o UFC.

O MMA traz consigo muito do pós-moderno. Já vimos tudo: choro, comemoração, superação, festa. Cada vez fica mais complicado inspirar no espectador a surpresa, o susto, a sensação de estar vivenciando o inusitado. Como remédio para a mesmice, o UFC fagocita nuances bem-sucedidas do mundo dos esportes. Desse liquidificado surge uma barbárie incondizente com a moral vigente nas ruas. A dor vivenciada pelos competidores no Octógono gera uma sensação de náusea. Pronto. Foi alcançado o objetivo. O espetáculo prende a atenção daquele que acompanha a luta.

Trata-se de um novo modelo. Ser categórico e profetizar que o que vemos é a ascensão do maior esporte do futuro é pura leviandade. Dizer que é inadmissível lotar um estádio ou parar suas tarefas rotineiras para assistir à lutas banhadas de vermelho é incoerência. O esporte é passional. A tentativa de traçar relações entre a racionalidade e a paixão é o maior erro do Homem. Afinal, que razão há em observar atentamente durante noventa minutos vinte e dois homens carregando uma bola nos pés?

por Helcio Herbert Neto.

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