sábado, 9 de outubro de 2010

Série Marginalizados: Monarca Carioca



Ao som de: Camisa 10 da Gávea - Jorge Ben Jor

O Rio perdia a graça. Com a transferência da Capital para o Centro-oeste e a Ditadura Militar, os cariocas já não viviam aquele clima romântico e leve dos tempos da Bossa Nova. Não obstante, na Zona Norte, distante do litoral e do centro empresarial, surgia uma garoto capaz de devolver ao Rio de Janeiro sua merecida posição.

O Flamengo já era um clube de massa, capaz de esvaziar as belas praias da Zona Sul quando era Domingo de Maracanã. Todavia, o Vermelho e Preto não possuía títulos de abrangência nacional.

Nesses tempos de escassez, era a torcida que gerava orgulho e idolatria. E foi devido a ela que um grande número de habilidosos jovens, assim como um franzino menino de Quintino, começou a sonhar em vestir o Manto Sagrado.

Aqueles que conheciam internamente o Flamengo se espantavam com a habilidade daqueles rapazes. Os times da base eram ricos em material humano, bem servidos em todas as posições. Entretanto, entre todos aqueles atletas em potencial, um meia de ligação parecia ter uma difereciada aura de vitória.

No princípio da década de setenta esse jovem, chamado de Arthurzico pela família, estreava no Rubro-Negro da Gávea. Ao receber a camisa de Carlinhos, o maior ídolo do time durante década anterior, houve um ritual semelhante a passagem das Coroas nas Famílias Reais: o próximo na dinastia tinha a obrigação de conduzir seu povo a vitórias.

E foi o que aconteceu. Com o passar dos anos, aquele time tornou-se mágico e o seu Camisa Dez, conhecido agora como Zico, havia tomado a proporção de um Soberano. De ponto-futuro em ponto-futuro, o Flamengo estonteava adversários e magnetizava sua torcida.

Aquele time conquistou o Brasil. Passou por todas as regiões dessa nação continental, dos Pampas Gaúchos aos infinitos florestais do Norte, deixando terras arrasadas e batalhões de fãs. Após dominar também todo o Continete Americano, era hora de conquistar o Planeta.

Marcaram o jogo para o outro lado do Planeta e chamaram o campeão do Velho Continente. Velho e prepotente. O Liverpool achava que já havia ganhado, mas bastou pouco mais de meia hora para que o esquadrão de Zico deixasse a Terra com as duas cores do Time da Gávea.

O Rio de Janeiro voltava a ser o centro do Mundo. Seu povo lotava as ruas estreitas dos subúrbios, em uma festa nunca antes vista e incapaz de ser igualada.

Até que houve um Sábio mineiro chamado Santana que quis levar o poder de Zico para também elevar o Brasil ao topo do Planeta. No entanto, para o azar dos brasileiros, a camisa da seleção não era rubro-negra.

Feliz do povo carioca que usava as duas cores místicas. Eles sim tiveram o Mundo aos seus pés e Zico como um Rei.


Por Helcio Herbert Neto.

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